A heparina no tratamento da COVID-19

  • Felipe de Oliveira
  • Elenice Stroparo
Palavras-chave: COVID-19. SARS-CoV-2. Heparina. Tromboembolismo venoso. Embolia pulmonar. Trombose venosa profunda. Tratamento. Profilaxia.

Resumo

Durante o curso da pandemia de SARS-CoV-2, além dos sintomas respiratórios clássicos surgiram evidências que indicavam que a COVID-19 estava fortemente associada a um estado de hipercoagulabilidade que acabava por expor os pacientes com a forma grave da doença a um risco elevado de complicações trombóticas. O objetivo deste trabalho é apresentar a relevância das manifestações trombóticas causadas pela COVID-19 e discorrer sobre o uso de heparinas no tratamento e profilaxia da hipercoagulabilidade associada à mesma, bem como potenciais benefícios de característica não anticoagulante que a heparina pode oferecer. Segundo levantamento realizado, entre os pacientes internados em unidades de tratamento intensiva, cerca de 22,7% desenvolveram tromboembolismo venoso, 13,7% desenvolveram embolia pulmonar e 18,7% desenvolveram trombose venosa profunda e entre 20 e 50% dos pacientes hospitalizados apresentaram valores elevados de D-dímero, tempo de protrombina e de tromboplastina parcial ativada prolongado, trombocitopenia e baixos níveis de fibrinogênio. Devido às complicações decorrentes desta característica da doença, as heparinas ganharam destaque em hospitais de diversos países no tratamento e profilaxia das complicações associadas. Foi constatada redução de 48% da mortalidade em 7 dias e 37% em 28 dias após tratamento com heparina e um aumento de 254 para 325 da razão PaO2/FiO2 em 72 horas. Além dos efeitos anticoagulantes, a heparina também confere ação anti-inflamatória por meio de mecanismos como a inibição da heparanase, de histonas extracelulares e é potencialmente capaz de reduzir a atividade da Mpro, proteína chave no processo de infecção do SARS-CoV-2.

Publicado
2022-10-31