Estereótipos de universitários sobre homens e mulheres encarceradas .
Resumo
O presente estudo objetivou analisar os estereótipos relacionados aos encarcerados. Para isso, visou-se investigar a visão de universitários sobre os indivíduos privados de liberdade, verificar se o gênero dos(as) participantes interfere nos estereótipos criados em relação à população encarcerada; avaliar se o gênero dos encarcerados é um fator capaz de acentuar as diferenças dos estereótipos entre indivíduos em privação de liberdade; e averiguar possíveis influências da mídia na construção das opiniões dos sujeitos. Os participantes foram 5 universitários entre 20-29 anos. A pesquisa foi realizada com um grupo focal composto por 4 pessoas do gênero feminino e 1 do masculino, os quais foram incentivados a expressar sua percepção em relação à temática por meio de um roteiro de disparadores. Os resultados demonstraram a existência de estereótipos na perspectiva dos universitários acerca dos encarcerados, possivelmente influenciados pela mídia e suas representações. Entretanto, não foi possível verificar especificamente se o gênero dos participantes e dos encarcerados interfere nos estereótipos sobre detentos e ex-detentos.
Referências
Allport, G.W. (1954). The nature of prejudice (3ª ed.). Addison-Wesley Publishing Company.
Alvarenga, G. F. M., Silva, V. H. N. S, & Matos, L.A. (2021). O silenciamento dentro e fora dos muros do cárcere: uma análise sócio-jurídica do encarceramento feminino. In Azevedo, T. A. G. (Org.), Corpo, gênero e relações de poder: estudos sociojurídicos (1ª ed., pp. 49–66). Editora Fi.
Aronson, E., Wilson, D.T., & Akert, R.M. (2018). Psicologia Social (8ª ed.). LTC.
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (2022). Critério de classificação econômica Brasil. ABEP. https://www.abep.org/criterio-brasil
Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo (1ª ed.). Edições 70.
Bastos, R. L. (2008). Obra de arte e vida: Psicologias sociais, diferentes subjetividades na estética da existência (2ª ed.). E-papers.
Bernardes, M. N. (2014). Uma análise da influência dos estereótipos de gênero na vida de mulheres encarceradas [Dissertação de Doutorado, PUC-Rio]. Sistema Maxwell PUC-Rio. https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/35084/35084.PDF
Binnall, J. M., & Petersen, N. (2020). Public perceptions of felon-juror exclusion: An exploratorystudy. Criminology & Criminal Justice, 21(5), 593-613. https://doi.org/10.1177/1748895819898518
Binnall, J. M.; Scott-Hayward, C. S.; Petersen, N., & Gonzales, R. M. (2022). Taking roll: College students’ views of their formerly incarcerated classmates. Journal of criminal justice education, 33(3), 347-367. http://dx.doi.org/10.1080/10511253.2021.1962932
Blom, H.; Högberg, V.; Olofsson, N., & Danielsson, I. (2014). Strong Association Between Earlier Abuse and Revictimization in Youth. BMC Public Health, 14(715), 1-10. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-14-715
Borges, J. (2019). Encarceramento em massa. (1ª ed.). Pólen.
Brown, R. (1995). Prejudice: its social psychology (1ª ed.). Blackwell Publising.
Cheskys, D. (2013). Aprisionando mulheres–uma análise da influência dos estereótipos de gênero na execução de políticas públicas para mulheres encarceradas [Anal Eletrônico]. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10, Florianópolis. https://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/20/1373299485_ARQUIVO_Textocompleto-FazendoGenero-DeboraCheskys.pdf
da Silva, J. V. (2019). Encarceramento Feminino e as Desigualdades de Gênero [Anal Eletrônico]. 16º CBAS: Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais – Brasília, 16(1), 1-10. https://broseguini.bonino.com.br/ojs/index.php/CBAS/article/view/453/443
Fiske, S. T. & Taylor, S. E. (1991). Social Cognition (2ª ed.). Mcgraw-Hill Book Company.
Gillespie, S. M., Williams, R., Elliot, I. A., Eldridge, H. J. Ashfield, S., & Be-ech, A. R. (2015). Characteristics of Female Who Sexually Offend: A Comparison of Solo and Co-offenders. Sexual abuse, 27(3), 284-301. http://dx.doi.org/10.1177/1079063214556358
Gondim, S. M. G. (2002). Grupos focais como técnica de investigação qualitativa: desafios metodológicos. Paidéia (Ribeirão Preto), 12(24), 149-161. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2002000300004
Heller, A. (2016). O cotidiano e a história (11ª ed.). Editora Paz e Terra.
Júnior, O. L. de C. (2023). O papel da mídia e das redes sociais na percepção da criminalidade. Ciências Humanas: Diálogos e perspectivas contemporâneas, 1, 172-189. https://editorapublicar.com.br/ojs/index.php/publicacoes/article/view/654
Junqueira, M. H. R. J., de Lima, V. A. A., de Alencar, F. B., & Tada, I. N. C. (2016). A inclusão social de encarcerados e ex-prisioneiros. ECOS-Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 6(2), 271-282. https://periodicoshumanas.uff.br/ecos/article/view/1578
Krüger, H. (2004). Cognição, estereótipos e preconceitos sociais. In M. E. O. Lima & M. E., Pereira (Orgs.), Estereótipos, preconceitos e discriminação: perspectivas teóricas e metodológicas (1ª ed., pp. 23-40). EDUFB.
Levenson, J. S., Willis, G. M., & Prescott, D. S. (2015). Adverse Childhood Experiences in the Lives of Female Sex Offenders. Sexual Abuse, 27(3), 258-283. https://doi.org/10.1177/1079063214544332
Lima, M. E. O. (2020). Psicologia social do preconceito e do racismo (1ª ed). Editora Blucher.
Loffredo, S. F. A., & Opt, S. K. (2006). Language and Images in Cultural and Media Studies. In A. G. Goodboy & K. Schultz (Eds.). Introduction to Communication Studies. Translating Scholarship into Meaningful Practice (1ª ed., pp 226-257). Kendall Hunt.
Marques, J., & Paéz, D. (2006). Processos cognitivos e estereótipos sociais. In J. Vala & M. B. Monteiro (Orgs.), Psicologia Social (7ª ed., pp. 333-384). Fundação Calouste Gulbenkian.
Martins, C. S., Lamounier, G. M., & Fonseca, J. L. M. (2023). O Perfil Socioeconômico Do Usuário E Do Traficante De Drogas No Brasil. In Lamounier, G. M., Bastos, L. C., & Abrão, R. L. P (Orgs.), Desafios Do Direito Na Contemporaneidade vol. 4 (1ª ed., pp. 53-72). Expert Editora.
Maruna, S., & King, A. (2004). Public opinion and community penalties. In A. Bottoms, S. Rex, &G. Robinson (Eds.), Alternatives to prison: Alternatives for an insecure society (1ª ed., pp. 83–112). Willan.
Monteiro, P. H. D. (2019). Papéis sociais, preconceito, estereótipo e estigma. A apresentação da imagem/voz de pessoas presas como instrumento do processo de degradação da personalidade. Revista do Instituto de Ciências Penais, 4, 399-428. https://doi.org/10.46274/1809-192XRICP2019v4p399-428
Oliveira, K. R. V., Santos, A. A. P. S., Vieira, M. j. O., Pimentel, E., Comassetto, I., & de Oliveira e Silva, J. M. O. (2020). Percepção de mulheres encarceradas sobre o acesso à saúde como ferramenta de ressocialização. Revista Enfermagem UERJ, 28. https://doi.org/10.12957/reuerj.2020.49514
Oliveira, P.T. (2018). Os Direitos Humanos e a exclusão social do preso [Anal digital]. I Congresso Nacional de Biopolítica e Direitos Humanos: refletindo sobre as vidas nuas da contemporaneidade, Ijuí. https://publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/conabipodihu/article/view/9340/7946
Operario, D., & Fiske, S. T. (1998). Racism equals power plus prejudice. Em J. L. Eberhardt & S. T. Fiske (Eds.), Confronting Racism: The problem and the response (1ª ed., pp. 33-53). SAGE.
Passarela, C. F. T.; Strogher, L. M. C, & Costa, L. F. (2019). As violências sofridas por mulheres que ofenderam sexualmente. Nova Perspectiva Sistêmica, 28(64), 47-60. https://dx.doi.org/10.21452/2594-43632019v28n64a04
Pereira, M. E. (2002). Psicologia Social de estereótipos. (1ª ed). EPU.
Pereira, C., Torres, A. R. R., & Almeida, S. T. (2003). Um estudo do preconceito na perspectiva das representações sociais: análise da influência de um discurso justificador da discriminação no preconceito racial. Psicologia: reflexão e crítica, 16(1), 95-107. https://doi.org/10.1590/S0102-79722003000100010
Phillips, A., & de Roos, M. S. (2022). Gender Stereotypes and Perceptions of Stranger Violence: Attributions of Blame and Motivation. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 0(0). https://doi.org/10.1177/0306624X221124849
Rade, C. B., Desmarais, S. L., & Mitchell, R. E. (2016). A meta-analysis of public attitudes towardex-offenders. Criminal Justice and Behavior, 43(9), 1260–1280. https://doi.org/10.1177/0093854816655837
Regassi, J. D. S. (2019). Criminologia midiática: a influência dos meios de comunicação no direito penal e no encarceramento em massa [Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo]. Biblioteca digital USP.
https://doi.org/10.11606/D.107.2019.tde-10082021-175103
Reiner, R (2007). Media made criminality: the representation of crime inthe mass media. In Maguire, M.; Morgan, R.; & Reiner, R. (Eds.) The Oxford Handbook of Criminology (4ª ed., pp.376-416). Oxford University Press.
Saito, M. (2011). A mídia nos crimes de colarinho branco e o Judiciário. Revista do Direito Público, 6(2), 67–86. https://doi.org/10.5433/1980-511X.2011v6n2p67
Samant, M., Calnan, M. & Kane, S. (2024). A critical analysis of newspaper accounts of violence against doctors in India. Social Science & Medicine, 340 (116497), 1-8. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2023.116497
Santos, F. F. (2023). Criminologia midiática–o papel da mídia e sua influência na sociedade contemporânea. Revista Contemporânea, 3(8), 12939–12967. https://doi.org/10.56083/RCV3N8-165
Secretaria Nacional de Políticas Penais (2022). Dados estatísticos do sistema penitenciário. Sistema Nacional de Informações Penais - SISDEPEN. https://www.gov.br/senappen/pt-br/servicos/sisdepen
Silva, L. T., Saladini, A. C. B., & Bonavides, S. S. G. (2023). A construção do ódio pela mídia como contribuição para o encarceramento em massa. Diké-Revista Jurídica, 22(24), 322-345. https://doi.org/10.36113/dike.24.2023.3875
Soares, M.K., & Maciel, N.C.A. (2023). Nota Técnica n. 61 (Diest) - A Questão racial nos processos criminais por tráfico de drogas dos tribunais estaduais de justiça comum: uma análise exploratória. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/12439
Tajfel, H., & Turner, J. C. (1979). An integrative theory of intergroup conflict. In W. G. Austin, & S. Worchel (Eds.), The social psychology of intergroup relations (1ª ed., pp. 33-48). Brooks/Cole.
Tajfel, H. (1969). Cognitive aspects of prejudice. Journal of Biosocial Science, 1(S1), 173–191. https://doi.org/10.1017/S0021932000023336
Tajfel, H. (1981). Human groups and social categories: studies in social psychology (1ª ed). Cambridge University Press.
Teixeira, R.R, & da Rocha, F.N. (2020). O ambiente carcerário e a ressocialização do sujeito: desafios e possibilidades. Revista Mosaico, 11(2), 117-123. https://doi.org/10.21727/rm.v11i2.2209
Vargas, J. D. (1999). Indivíduos sob suspeita: a cor dos acusados de estupro no fluxo do sistema de justiça criminal. Dados, 42(4), 729–760. https://doi.org/10.1590/S0011-52581999000400004
Venturi, G., & Paulino, M. F. (1995). Pesquisando preconceito racial. In C. Turra & G. Venturi (Orgs.), Racismo cordial: A mais completa análise sobre o preconceito de cor no Brasil (1ª ed., pp. 83-95). Ática.
Willis, G. M., & Levenson, J. S. (2016). The Relationship Between Childhood Adversity and Adult Psychosocial Outcomes in Females who Have Sexually Offended: Implications for Treatment. Journal of Sexual Aggression, 22(3), 355-367. https://doi.org/10.1080/13552600.2015.1131341
World prison brief. (2019). Highest to Lowest - Prison Population Total World Prison Brief. Prisonstudies.org. https://www.prisonstudies.org/highest-to-lowest/prison-population total?field_region_taxonomy_tid=All.
Copyright (c) 2024 Interamerican Journal of Forensic Psychology
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.
- A submissão de artigos implica na transferência de direitos de publicação;
- Inicialmente os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, mas, o periódico também adquire direitos referentes a primeira publicação. No que se refere ao acesso aberto, há possibilidade de utilização dos artigos para fins educacionais e científicos citando a fonte, de acordo com a licença CC-BY da Creative Commons;
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), ao considerar que isso possibilita visibilidade e impacto da citação do trabalho publicado.