Portrait of a Donkey: Painterly Style in Robert Bresson’s Au hasard Balthazar

  • Raymond Watkins
Palavras-chave: Action painting, Fenomenologia, Percepção animal.

Resumo

Embora os filmes de Michelangelo Antonioni tenham sido objeto de análise no que se refere às preocupações pictoriais de cor e composição e até que ponto tais elementos moldaram sua estética, pouco tem sido feito para a compreensão dos filmes de Robert Bresson à luz dos mesmos elementos. Este enfoque é enfatizado, considerando a formação de Bresson como pintor. Meu argumento é o de que o filme de Bresson Au hasard Balthazar (1966), referindo-se às perambulações e percepções de seu protagonista, o burrico Balthazar, deveria ser visto como um retrato pintado. O retorno de Bresson ao animal encontra paralelos no expressionismo abstrato como também nas reflexões de Martin Heidegger e Maurice Merleau-Ponty sobre o mundo da natureza. A relação de Bresson com a pintura emerge através de suas alusões diretas e indiretas, especialmente no modo como o antagonista Gerard converge com Jackson Pollock, na concepção de Bresson ao comparar a percepção animal ao olho mecânico da câmera; e finalmente, na tensão da pintura entre a continuidade narrativa e a imobilidade fenomenológica. Embora a noção de Gilles Deleuze de transformar-se em animal parece conduzir a um acordo tácito entre pesquisadores, minha conclusão a de que o filme está mais ligado à estética da pós-modernidade, que tem pouco em comum com as linhas de fuga anti-humanistas de Deleuze.
Publicado
2016-06-02
Seção
Dossiê Temático