Figurações do corpo biológico ao virtual
Resumo
Um grande número de discursos filosóficos, psicanalíticos e culturais contemporâneos tem colocado muitas dúvidas sobre quaisquer concepções do corpo como simplesmente um organismo biológico cujas nítidas fronteiras são desenhadas por sua pele. Cada vez menos considerado como uma propriedade imutável, no decorrer do último século, subverteram-se os limites delineados pelas construções culturais e o corpo foi se transformando em um território sem fronteiras, continuamente renovável e infinitamente interpretável. Longe de ser obliterado, o corpo veio se tornando crescentemente presente, não mais como uma totalidade homogênea, mas um mosaico flexível e permeável, cujas formas e estruturas se tornaram voláteis. Que identidade biológica, tecnológica ou cultural pode ser atribuída ao corpo? Como pode a esquizofrenia inerente à sua multiplicidade ser entendida? O argumento que venho propondo, nas reflexões que tenho desenvolvido sobre a problemática psíquica e cultural do corpo, é o de que o corpo está obsessivamente onipresente porque ele se tornou um dos sintomas da cultura do nosso tempo. Diferentemente dos sintomas do século XIX, que se davam no corpo, que marcavam o corpo, gradativamente esses sintomas foram crescendo até tomar o corpo ele mesmo como sintoma da cultura. Este trabalho visa discutir algumas das razões para esse estado de coisas, com ênfase na virtualização dos corpos propiciada pela revolução digital.
Publicado
2016-06-02
Seção
Dossiê Temático
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