O papel da família na clínica dos desvios/transtornos fonológicos: uma análise de pesquisas australianas

Resumo

A literatura a respeito do envolvimento da família na terapia dos chamados desvios/transtornos fonológicos ainda é lacunosa. Entre as poucas pesquisas existentes, há um grupo de autores australianos que vem produzindo, desde a década de 90, uma reflexão a esse respeito. O objetivo desse estudo é apresentar as propostas desses autores e analisá-las de maneira crítica, especialmente no que diz respeito ao papel que eles conferem à família na terapia e quanto às perspectivas teóricas que fundamentam sua prática. Como princípio metodológico foram selecionados artigos produzidos em universidades australianas que tematizam o papel da família nos chamados desvios/transtornos fonológicos, e, em seguida, foi realizada uma análise crítica desses artigos enfocando as concepções de família e de aquisição de linguagem que os fundamentam. Entre os resultados destaca-se o fato de que os textos apresentam uma abordagem parecida com relação à participação dos familiares, envolvendo orientação e treinamento dos pais, que oferecem a eles técnicas de modificação comportamental. Os textos não deixam explícito quais as concepções de aquisição de linguagem e de família que os fundamentam. No entanto, presume-se que a argumentação e alguns termos utilizados na escrita indiciem a fundamentação empregada. Apesar de serem mencionados trabalhos interacionistas e cognitivistas, o emprego recorrente de expressões como “modelos de linguagem”, “feedback”, “treinamento”, “modificação de comportamento”, “registros”, “reforçamento”, nos permite concluir que esses trabalhos são predominantemente fundamentados no behaviorismo.